quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cidade que cuida...

Uma cidade cuidadosa significa ocupar ruas e esquinas com olhares mais atentos, com atitudes mais gentis respeitando os ritmos e os passos de pessoas diversas. Fazer de uma cidade, uma cidade cuidadosa, é o que os Conselhos Municipais do Idoso desejam. Ou seja, que cada um de nós, co-autores da cidade, nos coloquemos como guardiões do bem-estar de todos. Que, ao andarmos pelas ruas, olhemos com atenção e cuidado, principalmente aqueles que precisam de proteção e segurança, auxiliando travessias, abrindo espaço para passagens, alertando para os prováveis perigos que possam surgir.

Cuidar das reservas colossais de tempo que nossos/as idosos/as carregam é como cuidar do que seremos. Por isso, que as cidades se convertam em cidades cuidadosas! Mesmo com sua problemática aparentemente sem solução(passeios, trânsito, falta de policiamento), podemos, nós, cidadãos, reafirmar o nosso jeito mineiro de ser. Um jeito de fazer da cidade uma cidade para todos. Homens e mulheres, crianças e idosos que, imbuídos de uma ética do cuidado, façam, das cidades, um espaço em que a solidariedade seja a sua principal paisagem. Olhando uns pelos outros, pelas reservas colossais de tempo e por uma cidade cuidadosa!

"Na minha opinião, o que importa não é homenagear os mortos, levando-lhes regularmente flores às sepulturas, pois isso é formal e fácil. O que me parece de maior importância é tratá-los bem, com amor possível, enquanto vivos." (Érico Veríssimo)

Cabe lembrar que a qualidade de vida de uma cidade, muito além de índices estatísticos, deve se refletir no dia a dia das pessoas que percorrem suas calçadas, que andam por suas ruas e utilizam os serviços públicos. Os Conselhos Municipais buscam contribuir para que todos tenham prazer e se sintam amparados pela cidade que os abriga.Que cada um faça a sua parte!

Pensando a velhice na cidade....

No exercício de cidadania, fortalecendo nossas práticas sociais através de projetos coletivos, vamos, paulatinamente conquistando melhorias.Sabemos que as conquistas são pequenas, mediante os cenários e contextos que precisam ser ajustados. Esperamos que as calçadas sejam revistas, que o trânsito se organize, que as pessoas que prestam atendimento no comércio assumam uma postura de tolerância e respeito....e esperamos muito mais. Aos poucos, vamos fazendo de nossos projetos, um projeto maior, sonhado por muitos, para que tenhamos uma cidade desejada por todos.

"Dentro de mim, lá no fundo, há reservas colossais de tempo..."(Drummond)

E assim, nosso poeta mineiro exprime o tempo vivido, o tempo que ultrapassa os anos e que se insere nas experiências de vida, nas dores sentidas, nas alegrias lembradas. São essas reservas de tempo, colossais, que permitem ao idoso/a guardar e carregar um pouco a história de todos nós. Sem o tempo guardado, não teríamos como reinventar a cidade, como reconhecer os lugares, como recuperar o vivido.

Por isso, nós, cidadãos, precisamos cuidar para que estas reservas de tempo sejam preservadas e cumpram sua missão de nos lembrar do que somos e do que fizemos. Para nos atualizar a identidade, para fazer valer a História. Cuidar de todos é um imperativo para que possamos mesmo fazer da cidade um lugar de morada, de abrigo, de aconchego.

Pensando a questão do ser velho....

Todo ser humano é um ser de projeto. Somos únicos no reino animal capazes de antecipar o curso de uma ação, "projetando" futuros. Longe de ser atividade específica de profissionais diplomados, todo ser humano tem seus sonhos, busca novas possibilidades. E esse exercício de projetar o futuro não se restringe a determinadas faixas etárias. Na verdade, o ser humano projeta todo o tempo, durante todo o seu viver.Estar na terceira idade não significa diminuição de projetos de vida. Isso pode ser constatado na luta permanente dos idosos/as pela garantia de qualidade de vida, pela segurança imprescindível no espaço público, pelo cumprimento de legislação específica. Os Conselhos Municipais do Idoso atestam este ser de projetos, que aprende a se exercitar como cidadão/ã, reivindicando seus direitos, solicitando melhorias e exigindo respeito. Nesses projetos sonhados juntos, vamos transformando, através da coletividade, posturas e tornando visíveis os sujeitos que antes nem eram ouvidos.

Bem-vindo...