segunda-feira, 9 de maio de 2011

EDUCAÇÃO EM TEMPO DE FLUIDEZ...



Segundo Bauman, na contemporaneidade, um conjunto de evidências apontam para um tempo de paisagens provisórias nas relações humanas e no uso dos artefatos tecnológicos.Relações tornam-se mais leves, talvez superficializadas em momentos e corpos. Artefatos são descartados para que o modelo mais atual os substitua. E assim, vamos deletando pessoas, coisas e substituindo o velho pelo novo permanente. E a educação, nesse contexto de mundo líquido, em que as coisas e as pessoas passam por nós? Como a educação de configura numa era em que a fluidez também está na informação, rápida, superficial e abundante?
Como um colunista expôs há alguns anos, vivemos sedentos de conhecimento e saturados de informação. Nunca antes tivemos tantas possibilidades de saber o que acontece em lugares distantes, com pessoas tão diferentes e mesmo de outros tempos. São informações. Mas como transformar estas informações em conhecimento que faça sentido, que produza significados, que chega à raiz das coisas? Um lugar, a escola, ainda pode se constituir o único espaço possível para salvaguardar essa possibilidade de tratar a informação e cuidadosa e criticamente transformá-la em conhecimento.
É preciso que a escola resista às investidas desse caráter fluído do mundo que opera tempos e espaços outros. Por isso, a escola deve resguardar o direito de continuar-sendo o que sempre foi. Um lugar em que o silêncio, o bem-pensar sacralizem o diálogo e o encontro com os grandes pensadores do mundo. Escola que propicie redesenhos de identidades, que garanta o encantamento que o saber construído e reelaborado proporcionam ao ser humano. Escola de encontro de gerações que ousem a diferença, sujeitos que desconstroem certezas advindas do não-saber.
É preciso que o giz possa apagar as fórmulas, que as carteiras facilitem a mobilidade dos corpos, que o professor seja a referência para orientar o pensar e o descobrir. É preciso que a linguagem seja preservada e cuidada, que a emoção esteja também presente, que as mãos trabalhem as letras, que os olhos trabalhem as imagens e que todo o cenário seja um modo de resistir.
E, ao se resgatar a escola em sua perenidade, estaremos optando pela mudança deste lugar, pela resistência de continuar- sendo num mundo de fluidez.

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