quinta-feira, 7 de abril de 2011

Insistência necessária...


A escola está em luto.A escola em seu sentido universal carregada de significados, de tradição, de História. Sim, profanaram seu espaço, derramaram jarros de medo em seus corredores, escancararam as suas fendas. A escola está em estado de perplexidade, emudecida por tiros e sangue, por gritos e horrores. Lugar de magia, de sacralidade de saberes que são revisitados, de conceitos que são construídas, a escola hoje, em 7 de abril vê-se frágil frente ao inesperado do humano. Perguntas são feitas tendo o silêncio como resposta. A mídia se adianta proferindo palavras tão pouco refletidas, buscando culpados, apontando inseguranças e cobrando grades, detector de metais e a ausência de policiais num espaço que deve ser preenchido por alunos, aprendizes e professores. Não, a escola, como lugar de formação e de identidades precisa ser cuidada, resguardada e respeitada. Não deve precisar de policiais, mas de gente que ama o saber, a palavra, a leitura, a infância e a juventude. Os valores devem ser os guardiões da escola e a certeza de sua importância para a “gentificação”, como dizia Paulo Freire. Que não haja grades, que as paredes respirem alegria, que o chão seja ocupado pela dança, pela graça de caminhantes em busca do melhor. Que esse sangue não deixe rastro, que seja lavado por um potente produto de lucidez, de esperança jamais envelhecido. Que sejamos capazes de ultrapassar as dores, confiar nos anjos(tão jovens,tão no começo de suas vidas!!!!) que foram para outra dimensão.E que essa visão de portão escolar como lugar de desespero e medo, seja substituída pela vontade de garantir à escola a sua função social de formar gente. Gente que luta, gente que confia em gente, gente que se compadece de gente. Que este episódio seja vencido tangenciando nossa atenção para um cuidado maior com as crianças e jovens que estão nos espaços escolares, com suas diferenças, suas dores, às vezes, silenciosas. Que a perplexidade de hoje nos remeta a dias de cuidado com professores e professoras que, por vezes, sentem medo, angústia ou desconforto. Mas, que continuam e insistem, porque temos mesmo que insistir. Que continuemos a insistência de fazer da escola em luto, uma escola necessária à vida e importante para o exercício de construção de mundos e de sujeitos, de realidades e sonhos. Hoje a escola está em luto...E a escola aqui é toda a gente que trabalha em educação, que aposta nessa saga, que acredita em seu papel na formação humana. Que a insistência continue por meio de nossos projetos, de novos procedimentos, de posturas renovadas frente aos saberes e frente a esse mundo em desalinho. Que continue, nossa escola, mesmo em luto, a transformar essa dor em uma certeza ainda maior da importância desse espaço para entender as imprevisibilidades humanas, para develar o escuro, para recriar na luz. Como diz o poeta, “mesmo que sangre, mesmo que doa...”

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Redes sociais...lugar de ser



"Quero perceber tudo com calma mesmo em meio a correria, sentir que a vida é quente mesmo quando se diz fria, fazer da vida um canto mesmo sem melodia, amar as pessoas sendo elas João ou Maria." Mena Moreira

E é por isso que as redes sociais fazem tanto sucesso. São espaços de compartilhamento do que pensamos, do que sentimos, do que estejamos sendo...Alguns fazem dessas redes um simples modo de exibição. Mas muito, demasiados, estão nelas para se sentirem menos solitários, mais amalgamados, menos dispersos num mundo fácil de solidão. Muitas vezes percebi o medo que as pessoas têm de se incluírem em uma rede social e não serem lidas, nem comentadas ou percebidas. Isso me incomoda, porque ignorar o outro, que se apresenta em palavras, se expõe em imagens é mais uma maneira de não aproveitar a possibilidade do encontro, da escuta que o outro nos traz. Que as redes sociais, virtuais por natureza, sejam quentes, sejam acalanto, sejam lugares de amparo às idéias, às volúpias, aos enredos ainda sem música. Vamos fazer junto isso. Não para aparecer, não para se mostrar o que não se é, mas, para sermos juntos...alguma coisa melhor do que somos, quando estamos sós. Sem corpos, mas com olhos sensíveis para acolher as palavras que nos são dadas, para dizer o que em outro lugar não seria tão fácil. Redes sociais, espaços virtuais que podem nos resgatar o mais humano de nossa condição...A condição de sermos sempre Outro do outro. Não cabe o bisbilhotar nessas redes, não cabe o mutismo de tantos. Cabe sim a vontade de estar junto, de compartilhar, sendo João ou Maria. Sendo-com-o-outro, sempre.


Por isso, estou nesse espaço, entre duas poetas.




"Danço, rodopio e não penso, pois somente as sensações podem prevalecer. Que importa como me analisam, se com esses movimentos enriqueço o meu viver?! (fragmentos da poesia "Vivo a Dança" de Rosana Nóbrega)"

Bem-vindo...